Por Giles Bortolon Leitão
Muito se fala
sobre projetos de engenharia e arquitetura para que uma construção seja
executada, porém, parece que hoje em dia muito disso torna-se mero papel para
se utilizar junto com as burocracias necessárias para a execução de qualquer
construção.
O que quero mostrar
aqui é a importância dos projetos de engenharia e arquitetura como modelos para
um determinado fim.
Existem
inúmeros estudos que indicam que os custos de alterações de projeto se elevam
exponencialmente conforme a decisão fica mais próxima da execução (ver figura 1).
Figura 1 – Nível típico de custos e de pessoal do projeto ao longo do seu ciclo de vida
Através desta
figura pode-se observar que os níveis de custos e de pessoal são baixos no
início, atingem o valor máximo durante as fases intermediárias e caem
rapidamente conforme o projeto é finalizado.
O nível de
incertezas é o mais alto e, portanto, o risco de não atingir os objetivos é o
maior no início do projeto. A certeza de término geralmente se torna cada vez
maior conforme o projeto continua.
A capacidade
das partes interessadas de influenciarem as características finais do produto
do projeto e o custo final do projeto é mais alta no início e torna-se cada vez
menor conforme o projeto continua. A figura 2 ilustra isso.
Figura 2 – Influência
das partes interessadas ao longo do tempo
Contribui
muito para esse fenômeno o fato de que o custo das mudanças e da correção de
erros geralmente aumenta conforme o projeto continua.
Isso mostra
que realmente é fundamental que se faça um projeto bem elaborado desde o início
do planejamento.
Esta é a fase
em que se deve gastar mais tempo na solução dos problemas apresentados no
projeto visando antecipar outros problemas que muitas vezes aparecem somente na
fase de execução.
É também a
fase em que se podem testar várias soluções para um problema e verificar qual
tem melhor custo-benefício.
Ou seja, por
mais que se tenha um incremento no custo para a elaboração de mais estudos e
detalhamentos, ele é compensado largamente pela redução de custo durante a
execução e prevenindo retrabalhos.
Um projeto
bem detalhado pode promover a diminuição de materiais das estruturas ou das
fundações, bem como reduzir as perdas de materiais fazendo espaços modulados,
para que não precisem, por exemplo, ser quebrados blocos de alvenaria quando a
dimensão não é modulada, ou mesmo a paginação de piso, onde se pode aproveitar
o máximo de material com benefícios para a estética.
Tudo isso sem
contar que projetos mal elaborados e sem detalhes podem gerar dúvidas durante
sua execução tomando tempo precioso, o que impacta diretamente nos custos de
uma obra.
A ausência de
projetos de um profissional habilitado é pior ainda. Além de ser ilegal, pois
toda construção deve ter um responsável técnico legal, também pode provocar
problemas irreparáveis em uma construção, pois, por mais experiente que seja um
executor (empreiteiro, pedreiro, etc.) ele pode não considerar efeitos que os
profissionais adotam em seus projetos com base em dados técnicos, com
consequências que se mostram em ambientes mal planejados, trincas e fissuras, e
em casos extremos o risco de ruína da construção.
Diante do que
foi apresentado, é fato que a elaboração de projetos de engenharia e
arquitetura por profissionais habilitados é fundamental para que se tenha
segurança, conforto e harmonia nos ambientes construídos e que pequenos
acréscimos em custos de projeto podem resultar em grandes economias na fase de
construção.